Agronegócios
Instituto Agronômico alerta mercado sobre uso indevido de formulações que estariam sendo produzidas com NAC
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O IAC ratifica essa informação porque vem ocorrendo o uso indevido da tecnologia por parte de empresas. Também estão sendo veiculadas informações falsas a respeito da tecnologia que prejudicam o uso adequado dessa solução, gerada pela pesquisa do Instituto Agronômico e legalmente transferida à empresa Ciacamp.
A patente Nº PI 1101176-9 confere ao IAC o direito de impedir outra instituição e/ou empresa de, sem o consentimento do Instituto, produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar produto que seja oriundo dessa patente.
“O IAC vem alertar que qualquer fabricação que incorpore reivindicações da patente de invenção PI 1101176-9, anúncio, exposição, distribuição e venda violam os direitos do detentor IAC”, diz Marcos Antônio Machado, diretor-geral do IAC. Uma nova parceria entre o IAC e as empresas licenciadas foi assinada em 28 de outubro de 2019, com o objetivo de validar o efeito do organomineral como produto agrícola, aplicando a tecnologia do NAC para uso no mercado agro.
O ineditismo da descoberta está no fato de o princípio ativo ser uma molécula já aprovada para uso em humanos, com nenhum impacto ambiental, além de menor custo de produção. Até 2013, quando o IAC fez essa revelação, o tratamento era feito à base de agroquímicos, que são onerosos e têm alto impacto na natureza.
O fato de o NAC ser uma molécula usada como medicamento que não prejudica as pessoas, facilita o acesso ao produto, entretanto, o emprego da sua aplicação na fabricação de insumos citrícolas é condicionado ao licenciamento, em razão da patente do IAC.
“Patenteamos junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o uso do NAC para controle de doenças em plantas de citros”, diz Machado, ao explicar que a utilização do NAC é liberada, seu uso no manejo de plantas é que foi patenteado pelo Instituto.
Alessandra Alves de Souza, pesquisadora da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP, que atua no IAC e liderou a pesquisa, ressalta que embora já adotado na medicina, o NAC nunca havia sido testado para combater doenças de plantas. “Essa molécula mostrou-se eficiente no controle de fitopatógenos dos citros, incluindo a Xylella fastidiosa”, garante.
A dose usada na planta é bem menor do que a adotada em seres humanos. O NAC foi avaliado como estratégia para inibir ou desagregar o biofilme bacteriano, formado na superfície das folhas pela bactéria do Cancro Cítrico. “Esse biofilme protege as bactérias de estresses ambientais, entre eles o calor e raios UV, e de compostos antimicrobianos que possam afetar o desenvolvimento da bactéria, dentre eles o cobre, muito usado no controle químico do Cancro Cítrico”, explica Alessandra.
A fim de tornar a bactéria mais vulnerável, a equipe buscou encontrar uma estratégia para retardar ou inibir a formação dessa capa protetora nas folhas antes da infecção. Sem o filme que a protege, a bactéria ficaria mais suscetível aos estresses ambientais e aos compostos antimicrobianos. Consequentemente, seriam reduzidos também os focos da doença e a quantidade de produtos químicos aplicados.
Essa pesquisa teve duração de quatro anos. “Os resultados mostraram que essa molécula não só reduziu a quantidade de bactérias capazes de colonizar a folha, como também teve efeito de desprendimento da comunidade bacteriana que vive sobre as folhas”, explica.
Segundo Alessandra, a aplicação de NAC com cobre reduziu em até mil vezes a concentração de bactérias nas folhas. “Daí concluímos poder se tratar de nova estratégia de manejo do Cancro Cítrico.” A equipe segue estudando novas formas de aplicação do NAC a fim de encontrar respostas ainda mais eficientes. Os novos passos envolvem testes em campo para controle da CVC e testes em casa de vegetação para manejo de outras doenças bacterianas.